“Entre os segmentos que mais sofrem com a falta de ação política federal contra o bloqueio é o de colheitadeiras e tratores, causando apreensão na região, principalmente em Horizontina, considerada o berço nacional das colheitadeiras automotrizes”.
O temor é que a John Deere, que concentra 80% do retorno de ICMS para o município, deixe o Estado e se transfira para a Argentina.
– Apesar de vender 20% de suas colheitadeiras e tratores para aquele país são mínimas as chances dessa mudança acontecer. A Argentina não possui credibilidade – afirmou Garcia, referindo-se aos últimos acontecimentos envolvendo o governo de Cristina Kirchner, como a própria barreira das importações e expropriações de empresas.
O prefeito de Horizontina, Irineu Colato, também tranquilizou o público que lotou o auditório da Faculdade do município, onde ocorreu o evento.
– Estivemos com a direção da empresa que nos assegurou que os problemas com a Argentina não comprometem a agenda em Horizontina, inclusive o seu plano de investimento – afirmou Colato.
O professor Cesar Mantovani, vice-diretor da Faculdade de Horizontina, também palestrante do evento, destacou a importância da fábrica, mas lembrou, no entanto, que é arriscada essa dependência. Também destacou a necessidade de investimentos para manter os jovens na região.
– Precisamos diversificar a nossa economia e, para isso, é preciso de uma política de incentivo ao empreendedorismo – destacou Mantovani.
Indicadores
Na oportunidade, a economista Manuela Lopes, da Agenda 2020, apresentou uma radiografia da região, englobando os municípios de Horizontina, Santa Rosa e Três de Maio.
– Horizontina está na 9ª posição entre os 492 municípios gaúchos no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, usado pela Agenda – ressaltou Manoela Lopes.
Nos índices de atendimento urbano de esgoto, no entanto, as três cidades não alcançam boa colocação. Estão muito abaixo dos 75% de cobertura estabelecida pela ONU (13% Horizontina, 19% Santa Rosa e 29% Três de Maio).
– Já foi aprovada pelo BNDES a liberação de R$ 15 milhões para iniciar a primeira etapa de obras de saneamento para a cidade – destacou o Prefeito Colato, que prometeu o seu início para próximo mês. No total a expectativa de investimento é de R$ 45 milhões.
Para o convidado Pedro Bütembender, presidente do COREDE Fronteira Noroeste e pró-reitor da Unijuí, o setor público precisa participar mais do desenvolvimento regional. Lembrou que os investimentos têm sido feitos na grande maioria pela iniciativa privada.
– As políticas públicas não têm ajudado muito a nossa região – ressaltou Bütembender.
Também destacou que a cadeia do leite é um dos setores que tem potencial para manter a mão-de-obra na região.
Para o presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Horizontina Kleryston Segatt, também palestrante, há necessidade de investimentos em tecnologia.
– Um dos nossos desafios é conseguir transferir a alta tecnologia das empresas da região em benefício para a comunidade – lembrou Segatt.
Também pediu pela conclusão da pavimentação da RS-305, trecho de 35 quilômetros, que liga o município a Criciumal para escoamento da produção.
Como desafios (visão de futuro para a região), a economista Manuela Lopes relacionou a busca pela construção de um aeroporto regional, a construção de uma hidrelétrica (oportunidade dada pelos rios Buricá e Pratos, que desaguam no Rio Uruguai), e a construção da Ponte Internacional.
– Para tanto, é preciso ampliar a governança regional – afirmou Manuela, referindo-se à necessidade das lideranças das cidades que integram a região trabalharem de forma mais alinhada, atrás dos mesmos objetivos.
A mediação dos debates foi feita pelo jornalista Lasier Martins. A próxima edição será no dia 26 de junho em Montenegro. O Debates do Rio Grande é uma promoção da Rádio Gaúcha. Oferecimento CORSAN. Apoio: OURO E PRATA e GRUPO VILELA. Apoio técnico da Agenda 2020.
Fonte: clic RBS
